segunda-feira, 21 de julho de 2014

Homens que são como lugares mal situados





Sei que o homem lavava os cabelos como se fossem longos
Porque tinha uma mulher no pensamento
Sei que os lavava como se os contasse

Sei que os enxugava com a luz da mulher
Com os seus olhos muito claros voltados para o centro
Do amor, na operação poderosa
Do amor

Sei que cortava os cabelos para procurá-la
Sei que a mulher ia perdendo os vestidos cortados

Era um homem imaginado no coração da mulher que lavava
O cabelo no seu sangue

Na água corrente

Era um homem inclinado como o pescador nas margens para ouvir
E a mulher cantava para o homem respirar


Daniel Faria 

2 comentários:

  1. É incrível, ainda não tinha acabado a primeira estrofe e já pensava: "Isto parece Daniel Faria..." Os seus poemas são excepcionais, e a imagem que escolheste para acompanhar também.

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  2. obrigada Inês. fui espreitar os teus blogs e adorei o Gang Nocturno, vou voltar*

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